Não é de hoje que o Brasil enfrenta o risco de uma nova crise de energia, com o baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas e consequentes ameaças na distribuição para os consumidores.
Ainda assim, vale apontar que o país aprendeu com os erros da crise de 2001, e por enquanto não precisou recorrer a medidas de contenção tão drásticas quanto às que foram tomadas no início do milênio.
Como as usinas hidrelétricas são responsáveis atualmente por cerca de 60% da produção de energia no Brasil, é fundamental manter um bom nível de água nos reservatórios para não correr riscos. Esse aspecto, no entanto, depende diretamente das chuvas, e em períodos de estiagem não há muito o que ser feito.
O que o consumidor pode fazer diante disso?! No artigo a seguir, relembre o histórico de crises de energia no Brasil e como se prevenir contra os riscos de enfrentar problemas na distribuição de energia.
As crises de energia no Brasil
O ano de 2001 ficou marcado como a época dos apagões, durante uma crise de energia que afetou o fornecimento de eletricidade em todo o território nacional. Tal situação foi causada, principalmente, em função da falta de planejamento e investimentos no setor de energia brasileiro.
Nessa época, cerca de 90% da energia do país era produzida pelas hidrelétricas. Tal nível de dependência fez com que a escassez de chuvas causasse um profundo impacto no setor energético, que praticamente não tinha alternativas às quais recorrer para suprir a demanda.
Além disso, a ausência de linhas de transmissão impediu o governo de remanejar o excedente dos locais menos atingidos pela falta de chuvas aos locais mais prejudicados.
Foi inevitável que essa situação pesasse no bolso do consumidor. Foram implementadas uma série de medidas envolvendo a redução obrigatória no consumo de energia em locais que consumiam mais de 100 kWh ao mês. Na época, isso era o equivalente a 70% dos lares brasileiros.
Quem não cumprisse a meta estipulada, corria o risco de ter a distribuição de energia interrompida por três dias. Quem tivesse um consumo acima dos 200 kWh, teria que arcar com uma sobretaxa na conta de energia, pagando 50% a mais do que excedesse.
Atualmente, o país enfrenta uma situação muito mais branda do que em 2001. Prossiga para o próximo tópico para saber mais detalhes a respeito das atuais condições energéticas do Brasil.
A situação atual do país
Hoje em dia, a capacidade de geração de energia no Brasil é muito maior se comparada com 2001. Além disso, também é possível transferir energia de uma região do país à outra, e é possível recorrer a alternativas energéticas que ainda não existiam há duas décadas.
O Brasil aprendeu com os erros cometidos no passado, vide o aumento da geração de energia por fontes renováveis. Atualmente, a dependência das hidrelétricas é bem menor, o que é algo positivo. Ainda assim, a situação atual do setor energético no país requer cautela.
Não é à toa que o Sistema de Bandeiras Tarifárias foi instituído em 2013 pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Seu objetivo é cobrir os gastos extras com operações técnicas e investimentos realizados no setor, além da estrutura necessária para viabilização da produção e entrega para o consumidor final.
Aplicando essa metodologia, a ANEEL reduz consideravelmente o déficit tarifário frente à necessidade do acionamento das termelétricas quando necessário (ou seja, quando o nível dos reservatórios das hidrelétricas está abaixo do ideal).
As termelétricas têm capacidade de produção limitada (atualmente geram 21% da energia no Brasil) e são muito caras. Enquanto um megawatt-hora (MWh) de energia gerado em hidrelétrica custa em média R$ 183, as termelétricas são de três a cinco vezes mais caras. Assim como as taxas cobradas em 2001, as bandeiras tarifárias também são medidas aplicadas para conter altos consumos de energia.
Além disso, o governo brasileiro tem importado energia da Argentina e do Uruguai na tentativa de evitar um colapso do sistema.
Mediante esse cenário instável, as possíveis soluções envolvem a melhor administração das reservas de água, investimentos em tratamentos para despoluir rios e reaproveitar a água consumida e, principalmente, a busca por formas de diversificar as fontes de energia elétrica do país. Continue a leitura para entender melhor.
Como evitar futura crise de energia?
Como o Brasil ainda hoje é muito dependente da geração de energia através das hidrelétricas, pode enfrentar uma crise energética mediante alterações nos regimes de chuvas em decorrência do desmatamento e do aquecimento global. Sendo assim, é preciso investir em outras fontes, diversificando a matriz energética.
Com isso, é possível depender menos da água. Esse é um dos caminhos para diminuir as crises energéticas. Até mesmo porque não faz mais sentido investir em hidrelétricas quando há tanto espaço para crescimento de outros setores, como os de energia eólica e, principalmente, energia solar.
Essa última opção é muito visada, pois se adequar a diversos cenários, desde grandes usinas solares para distribuição de energia elétrica a cidades inteiras até pequenos consumidores residenciais que produzem sua própria energia.
As fontes renováveis de energia são consideradas a melhor opção para quem se preocupa com o meio ambiente e não quer pagar a mais na conta de luz.
O cenário para explorar ambas as formas de geração de energia no Brasil é muito promissor. Segundo Rodrigo Sauaia, presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), uma área equivalente ao município do Rio de Janeiro preenchida com módulos fotovoltaicos seria o suficiente para suprir toda a necessidade de energia do Brasil. Assim, painéis fotovoltaicos distribuídos em todo o território nacional poderiam gerar uma quantidade surpreendente de eletricidade.
No caso do pequeno e do médio consumidor, a energia solar (regulamentada pela mini e microgeração de energia da ANEEL) é hoje a melhor saída para quem deseja se livrar dos aumentos da conta de luz e diminuir os riscos de sofrer com problemas de distribuição de energia.
O investimento inicial em um sistema fotovoltaico é alto sim, é verdade. Porém, é inegável que compensa, pois, a economia nas contas de luz acaba pagando pela tecnologia em poucos anos, fazendo deste um investimento ainda melhor do que muitas aplicações de renda fixa.
Há diversas outras vantagens envolvidas na geração de energia solar que vão além das questões ambientais e financeiras.
A instalação de um sistema fotovoltaico valoriza o seu imóvel e tem potencial para atrair mais compradores, caso tenha o interesse de vendê-lo no futuro. Afinal de contas, a edificação vale mais pois produz a própria energia elétrica.
Outro ponto positivo a favor da tecnologia fotovoltaica é que os sistemas de energia solar duram em média 25 anos, e requerem manutenção mínima, que pode ser feita anualmente dependendo da região.
Em suma, investir na microgeração de energia por meio dos sistemas fotovoltaicos é a melhor alternativa para se prevenir contra possíveis crises de energia no futuro. Com um sistema de energia solar próprio, você não paga mais pelo consumo na conta de luz, sofre menor impacto com as bandeiras tarifárias e ainda contribui com o meio ambiente, fazendo sua parte para reduzir as chances de novas crises.