A evolução e o amadurecimento do mercado de energia solar fotovoltaica no Brasil tem trazido uma série de consequências, como um maior nível de exigência em relação à qualidade dos módulos e demais equipamentos utilizados para a instalação da tecnologia. Junto com isso, há também uma maior competitividade, que faz com que esse segmento se torne cada vez mais robusto.
Nesse cenário, algo que vem chamando cada vez mais a atenção de vendedores de energia solar é o aparecimento de módulos com potência falsa, ou seja, que apresentam determinada potência na etiqueta, a qual não é atingida na prática.
Isso significa que as usinas ou sistemas fotovoltaicos que contarem com esses módulos em sua instalação não vão conseguir alcançar a performance projetada.
Sendo assim, a existência desses módulos representa um problema para empresas, profissionais e consumidores do setor de energia solar. Confira a seguir tudo o que você precisa saber para se prevenir contra isso!
Como verificar a qualidade e a segurança dos módulos?
Quando o assunto é a qualidade e a segurança dos equipamentos fotovoltaicos, é importante observar as questões regulatórias. Como os módulos comercializados no Brasil são fabricados no exterior, vale a pena consultar algumas normas da Comissão Eletrotécnica Internacional (IEC) que podem ajudar a esclarecer esse tema.
Essa organização busca a padronização mundial das tecnologias elétricas e eletrônicas. A IEC 61.215 trata da qualidade, enquanto que a IEC 61.230 fala sobre a segurança.
Os módulos fotovoltaicos vendidos em nosso país precisam atender a essas normas internacionais, que respondem a critérios para estabelecer perfis de qualidade e segurança dos módulos fotovoltaicos.
Esses equipamentos precisam passar por 21 testes para atender à normatização que diz respeito à qualidade. Já para a segurança, 32 testes são realizados.
Além disso, o teste do INMETRO também deveria servir (na teoria) para confirmar a procedência dos testes internacionais, de modo a permitir a comercialização desses equipamentos no mercado brasileiro.
Na prática, no entanto, os testes realizados pelo INMETRO ainda são considerados superficiais e incompletos, o que favorece a venda de módulos falsos.
Para saber mais sobre o papel do INMETRO em relação a esse assunto, confira o tópico a seguir.
O que diz o INMETRO?
O Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO) é uma das maiores autoridades brasileiras no que diz respeito à qualidade e segurança de equipamentos. Para que sejam legalmente comercializados no Brasil, todos os módulos fotovoltaicos precisam do selo do INMETRO.
A entidade tem o objetivo de realizar pesquisas, testes de verificação e fiscalização das normas técnicas e legais, visando desenvolver a confiança pelos produtos que estão no mercado e mostrar que eles estão em conformidade com os padrões estabelecidos.
Na Portaria nº 004, de 04 de janeiro de 2011, é possível conferir informações sobre as avaliações que devem ser realizadas em equipamentos para geração de energia fotovoltaica.
Ela estabelece que os equipamentos devam passar por avaliação de conformidade de segurança, para que possam utilizar a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia – ENCE. Essa etiqueta apresenta algumas informações de grande relevância, como a eficiência energética e/ou o desempenho térmico desses produtos.
Apesar dos componentes de sistemas solares fotovoltaicos precisarem obrigatoriamente do selo INMETRO para serem comercializados no Brasil, os testes realizados pelo Instituto não atendem a todos os padrões de segurança e qualidade necessários.
Os requisitos estabelecidos pelo órgão contemplam apenas um dos 18 testes internacionais necessários para garantir o desempenho e a vida útil do módulo.
Na ausência de normas técnicas oficiais estabelecidas por órgãos competentes, é preciso respeitar as normas internacionais, conforme consta na Norma Regulamentadora 10, que trata da segurança em instalações e serviços em eletricidade.
Em concordância com isso, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) também correlaciona as padronizações de qualidade e segurança de módulos fotovoltaicos às normas internacionais da IEC que foram mencionadas anteriormente.
Sendo assim, o selo do INMETRO por si só não serve como garantia da qualidade ou segurança do módulo.
É de suma importância que integradores e vendedores de energia solar estejam a par das premissas que conferem esses aspectos e dos testes internacionais que são realizados com essa finalidade. Saiba mais a seguir.
Quais testes asseguram a qualidade dos módulos?
Como o selo do INMETRO não serve como garantia sobre a qualidade e segurança dos módulos fotovoltaicos comercializados no Brasil, é preciso consultar o que diz a IEC.
Os padrões estabelecidos por essa comissão englobam várias tecnologias, inclusive as utilizadas para geração de energia.
Conforme mencionado no primeiro tópico deste artigo, a IEC 61.215 é uma das principais normas a serem consultadas a respeito desse assunto.
Ela abarca 18 testes e ensaios no total, que são realizados com o intuito de avaliar se o produto atende aos requisitos considerados necessários para que tenha durabilidade, desempenho e segurança para ser comercializado.
Esses testes incluem avaliações referentes a:
- Inspeção visual;
- Determinação de potência máxima;
- Resistência de isolamento;
- Teste molhado de fuga corrente;
- Medição dos coeficientes de temperatura;
- Medição da temperatura Nominal de Funcionamento da Célula;
- Desempenho do Painel Solar;
- Teste de exposição ao ar livre;
- Teste de resistência contra granizo, entre outros.
Os testes realizados para averiguar essas questões são tidos como referência internacional. Os módulos que forem aprovados nesses procedimentos possuem menos chances de apresentar problemas, e maiores garantias quanto à fabricação, instalação, eficiência energética e segurança elétrica.
Além dessa norma internacional, há outras normas que são específicas para averiguar determinadas falhas, com o objetivo de comprovar a durabilidade dos módulos fotovoltaicos. São elas:
- IEC 61.730: Avaliação de segurança dos módulos fotovoltaicos para o risco de choque elétrico, perigo de incêndio, mecânica e segurança estrutural.
- IEC 61.701: Exposição a neblina salina. É um método de ensaio normalizado utilizado para verificar a resistência à corrosão.
- IEC 61.345: Teste com radiação UV, utilizado para testar a resistência do revestimento. Determina a capacidade que um módulo fotovoltaico tem de suportar exposição a ultravioleta (UV) de 280 nm a 400 nm.
Vendedores e empresas que preferem apostar em produtos que apresentam a confiabilidade necessária para desenvolver um projeto seguro e adequado devem priorizar fabricantes com certificações adicionais, além da certificação mínima.
A Lista Tier 1 serve para identificar módulos de qualidade?
Se tratando do mercado de energia, a classificação Tier 1 é uma das maiores referências. Mas será que ela serve para atestar a qualidade e a segurança dos módulos fotovoltaicos?
A Lista Tier 1 foi desenvolvida pela Bloomberg New Energy Finance (BNEF), que disponibiliza dados, análises e demais informações relevantes para os profissionais que trabalham nesse setor.
Essa classificação contribui para que os fabricantes de equipamentos fotovoltaicos recebam o devido reconhecimento, facilitando a identificação de empresas que adotam boas práticas em seus processos de fabricação e gestão.
Apesar disso, a Lista Tier 1 não é uma garantia de qualidade dos produtos! A BNEF alerta que essa classificação foi desenvolvida para certificar a saúde financeira de empresas do setor de energia, e não substitui a necessidade de análise e inspeção dos processos técnicos e parâmetros de qualidade.
O que se pode afirmar é que as empresas que fazem parte dessa lista possuem uma boa bancabilidade, ou seja, grandes chances de que os projetos que fazem uso de seus módulos tenham um financiamento aprovado.
Esse é um critério interessante de ser observado, já que indica a reputação do fabricante perante os bancos. Ainda assim, não é seguro tomar essa classificação como um indicativo a respeito da qualidade e confiabilidade dos equipamentos fabricados por essas empresas.
Se você tem interesse em conferir mais detalhes sobre a Lista Tier 1, veja o nosso conteúdo completo sobre o assunto.
Se você ainda tem dúvidas do que precisa fazer para identificar módulos falsos, um aspecto que pode ajudar é o preço desses equipamentos. Quer saber como? Continue a leitura para descobrir.
Como o preço pode ajudar a identificar módulos falsos?
O preço dos módulos fotovoltaicos é um importante fator a ser considerado. Como os módulos falsos possuem uma potência inferior à que é indicada em sua etiqueta, seu custo de produção é consideravelmente menor a de um produto que tenha a mesma potência informada.
Sendo assim, o fabricante pode cobrar um valor menor para sua comercialização.
A qualidade de um equipamento tem seu preço. Quando se fala no valor agregado de um módulo fotovoltaico, estamos falando também da qualidade e segurança que são atestadas, comprovadas e chanceladas internacionalmente. Sendo assim, é de se esperar que módulos confiáveis tenham um custo mais elevado.
Além disso, outro aspecto ao qual vale a pena atentar é a reputação do fabricante. Empresas menos conhecidas e que não tenham sua capacidade de produção ou bancabilidade comprovadas geralmente deixam os vendedores mais experientes com o pé atrás.
O questionamento sobre isso é bastante simples. Por exemplo: como uma indústria que não fabrica células fotovoltaicas e não possui controle sobre a cadeia vertical de produção consegue obter células com potência superior às que o próprio fabricante disponibiliza para o mercado?
Ou, ainda, como fabricantes que não são tão reconhecidos no mercado de energia solar conseguem fabricar módulos mais potentes em relação aos equipamentos dos fabricantes que são líderes neste segmento? E possuem patente das mais eficientes tecnologias desenvolvidas para o segmento.
Outra prática para identificar possíveis fraudes, é a comparação, procure o mesmo modelo em outras lojas da internet, caso o valor seja muito diferente, desconfie.
Aliando o bom senso com a vigilância em relação às normas internacionais, você estará muito mais protegido contra a comercialização de módulos falsos.
10 Motivos para ser um integrador Solfácil
A Solfácil é conhecida por sua grande presença no sistema de financiamento de energia solar, no entanto, a organização oferece diversas facilidades e recursos para o integrador, o que resulta no melhor ecossistema para o profissional de energia solar, e nesse post falaremos mais sobre todos esses pontos.
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