O Brasil vem se destacando cada vez mais quando o assunto é geração de energia solar. O país já se encontra entre as nações que mais produzem eletricidade por meio da radiação solar, e isso é fruto de anos de esforço. Tanto por parte da iniciativa privada quanto da própria população, esse investimento começa a se pagar com números que podem impressionar.
Baseado nisso, as perspectivas para o ano de 2022 são boas, da geração empregos à capacidade instalada, tudo tende a crescer.
Até mesmo mudanças na legislação cooperam para tal aumento, o qual promete ser maior que o de anos anteriores. Para entender o porquê disso tudo, basta analisar pontos como o aumento da tarifa elétrica, a sustentabilidade e a independência energética.
Mais geração de energia solar, mais usuários
Em termos percentuais, o Brasil não é uma nação que conta com a energia solar como principal fonte de eletricidade. Atualmente, a matriz energética do país ainda é bastante focada na hidreletricidade.
A geração de energia solar representa, hoje, cerca de 2% de toda a energia produzida no país. Embora possa parecer ruim, este é um dado que somente demonstra a capacidade de crescimento das placas fotovoltaicas por aqui.
Mesmo com essa baixa representatividade, o país já alcançou, segundo dados da Aneel — Agência Nacional de Energia Elétrica — mais de 1 milhão de usuários. O valor diz respeito a consumidores com geração própria, desconsiderando então aqueles que alugam a energia de fonte renovável. Assim, fica ainda mais evidente o avanço dessa matriz no território nacional.
Vale a pena mencionar que 76,6% dessa geração é destinada a residências, seguida por serviços e comércio com 13,4%. O restante da produção é destinado a diferentes esferas do poder público, a indústria e iluminação, como é possível visualizar abaixo.
- Residências: 76,6%
- Comércio e Serviços: 13,4%
- Produtores Rurais: 7,6%
- Indústrias: 2,1%
- Poder Público: 0,3%
- Serviços Públicos: 0,03%
- Iluminação Pública: 0,01%
Capacidade instalada de geração de energia solar
Não é somente o número de consumidores que cresceu ao longo dos últimos anos. A capacidade instalada do país de gerar sua própria energia solar também atinge novos patamares a cada ano. Na verdade, a tendência é que 2022 seja um grande divisor de águas no que diz respeito à matriz energética. A expectativa é alta e os resultados já começam a se mostrar positivos.
A Associação Brasileira de Energia Solar — ABSOLAR — estima que o país terminará o ano com 25GW de capacidade instalada. Para se ter uma ideia, este é um crescimento de quase 100% frente os 13GW verificados em 2021. Destes valores, entende-se que o maior aumento ficará com a Geração Distribuída, com 105% de avanço em 12 meses. Já a Geração Compartilhada deve apresentar pouco mais de 65% de crescimento.
Para que tal resultado se concretize, é preciso que haja mais investimento na geração de energia solar. Felizmente, a entidade prevê que as aplicações privadas no setor chegarão aos 50 bilhões de reais em 2022. Com este valor, o crescimento fica muito mais plausível, além de representar perspectivas ainda melhores para o futuro.
A busca por mão de obra especializada
Com mais usuários, se faz preciso apresentar uma capacidade instalada que atenda esse aumento de demanda. Para isso, é necessário contar com mão de obra especializada, a qual será capaz de produzir, instalar e realizar a manutenção de todo o equipamento. Não à toa, 2022 se apresenta também como o mais favorável no que diz respeito à geração de empregos no setor.
Ao analisar os relatórios da ABSOLAR, é simples verificar um grande crescimento na oferta de trabalho. Em 2019, cerca de 60 mil vagas foram abertas para a geração de energia solar. O valor dobrou em 2020, chegando aos 120 mil postos de trabalho.
O crescimento continuou, ainda que de maneira mais leve, em 2021, com pouco mais de 150 mil novos empregos. Para 2022, a expectativa é bastante alta, já que a própria associação prevê que o mercado alcance as 350 mil vagas.
Marco Legal da Geração Distribuída de Energia Solar
Se você se assustou com estes números, em especial os que se referem a 2022, há uma boa explicação. Com a aprovação do Marco Legal da Geração Distribuída, assinado ainda em 2021, diversos consumidores devem correr para investir na tecnologia ainda este ano. Toda essa correria se deve à isenção total da tarifa de uso da rede de energia para concessionárias até 2045.
O benefício, porém somente se aplicará àqueles que aderirem à ferramenta até antes de 2023. Com isso, especialistas entendem que haverá uma grande busca por fornecedores até dezembro, aumentando assim os números do ano.
Para além disso, há também o investimento na geração de energia solar que visa atender todos esses novos usuários. De acordo com Hanter Pessoa, Engenheiro Eletricista, esse cenário será bastante benéfico ao país.
“O mercado está esperando um grande crescimento porque é um sprint final, até para não pagar o valor para a concessionária. A gente pensa quem tem viabilidade vai correr para fazer.”
Hanter Pessoa (engenheiro eletricista e diretor de geração distribuída do Sindienergia-CE)
Principais motivos para o crescimento
Obviamente, o Marco Legal da Geração Distribuída é um dos principais motivadores para uma perspectiva tão positiva. Ainda assim, este não é o único fator que coopera com o crescimento da geração de energia solar no Brasil. Na verdade, alguns são os pontos que contribuem para este cenário, e eles se relacionam a diversos assuntos.
Primeiramente, pode-se atribuir esse aumento na busca por painéis fotovoltaicos à alta na tarifa elétrica. Muito por conta dela, inúmeros consumidores pararam para analisar suas contas e começaram a pesquisar por novas possibilidades. Neste momento, a energia renovável proveniente da radiação solar se apresenta como a mais interessante, mesmo com investimento inicial alto.
Mais do que isso, há também o tema da sustentabilidade, que afeta cada vez mais as escolhas dos usuários. Das roupas aos carros, dos alimentos à eletricidade, a população passa a se preocupar com os danos ao meio ambiente. Tendo isso em mente, opta por escolhas mais saudáveis, sustentáveis e que afetem menos o planeta.
O futuro da geração de energia solar
Engana-se quem imagina que esse aumento repentino de 2022 será um ponto fora da curva na história da geração de energia solar. De acordo com a Agência Internacional de Energia — IEA —, estes resultados tendem a continuar positivos.
No mundo todo, a agência prevê que a matriz energética será responsável por 30% do consumo mundial ainda este ano. Dentro deste contexto, o Brasil começa a ganhar destaque no cenário global, já estando presente na lista dos 20 países líderes em capacidade instalada.
A redução dos custos dessa tecnologia, aliada ao interesse da população e o investimento público e privado são outros fatores que justificam essa tendência. Pelo menos é isso que Faith Birol, diretor-executivo da IEA, espera.
“Se governos e investidores intensificarem seus esforços de energia limpa em linha com nosso cenário de desenvolvimento sustentável, o crescimento da energia solar e eólica seria ainda mais espetacular e extremamente encorajador para superar o desafio climático mundial”.
Faith Birol, diretor-executivo da IEA