Uma das principais formas de geração de energia sustentável é a energia solar, que ganha cada vez mais espaço na matriz energética do Brasil e do mundo.
Apesar de oferecer uma série de vantagens, como economia nas contas de luz e certa autonomia energética, a energia fotovoltaica ainda tem um custo elevado, e por isso é considerada pouco acessível.
Ainda assim, a energia solar pode servir como uma importante ferramenta para promoção de transformação social. Quer saber como? Confira no artigo a seguir.
Energia solar como caminho para a transformação social
Apesar do alto custo envolvido para adquirir um sistema fotovoltaico, o setor de energia solar promove benefícios para a sociedade como um todo. Segundo cálculos da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), a Geração Distribuída será responsável por mais de R$ 13,3 bilhões em benefícios líquidos para todos os consumidores brasileiros, inclusive para os mais pobres.
Esse valor envolve também os custos futuros a serem economizados pelas companhias de energia elétrica a cada consumidor que investe em Geração Distribuída. Essa economia é consequência do alívio na operação da rede, da redução da necessidade de novas linhas de transmissão e da redução da necessidade de novas usinas de geração de energia.
Uma matriz energética mais diversa ajuda a evitar a sobrecarga nas usinas hidrelétricas e nucleares, que é justamente o que interfere no aumento das contas de luz. Além disso, é preciso considerar também que o aumento quanto aos investimentos em prol de fontes de energia sustentáveis também leva a menores impactos e custos ambientais.
As periferias do Brasil convivem com altas taxas de desemprego, contas de energia cada vez mais altas, serviços de baixa qualidade e riscos constantes de falhas no abastecimento. Na última década, a tarifa de energia elétrica mais do que dobrou no Rio de Janeiro, enquanto que a energia solar segue a tendência de se tornar uma alternativa cada vez mais acessível.
No entanto, é preciso considerar que ainda há barreiras para a popularização da energia solar fotovoltaica no Brasil, como a necessidade de capital para o investimento inicial e o acesso a crédito para obter financiamento.
Uma das soluções para isso está no modelo de Geração Compartilhada, por meio de cooperativas de energia, reunindo e beneficiando diversos consumidores ao mesmo tempo.
Atualmente, há alguns importantes projetos em desenvolvimento no Brasil que buscam promover a democratização da Geração Distribuída de energia solar. Assim, seus impactos e vantagens alcançam consumidores de todas as faixas de renda e classes sociais. Saiba mais detalhes no próximo tópico.
A primeira cooperativa de energia solar em favela carioca
Um desses projetos que merece destaque é a primeira cooperativa de energia solar do Brasil inaugurada em uma favela carioca. A iniciativa vai beneficiar 34 famílias que residem nas comunidades da Babilônia e Chapéu Mangueira, na Zona Sul do Rio de Janeiro. A proposta foi desenvolvida pela ONG Revolusolar, que prevê uma economia anual total de até R$ 30 mil reais.
Para cada família beneficiada, a economia será de R$ 80 reais por mês. Segundo uma pesquisa feita pela própria ONG, 80% dos consumidores regularizados na Babilônia têm dificuldades de arcar com as despesas com energia. Os painéis solares foram instalados no telhado da Associação de Moradores da Babilônia.
Segundo a ONG, projetos como esse são mais viáveis técnica e economicamente do que as instalações individuais, e também estão em conformidade com as tradições de coletividade, cooperação e autogestão das favelas cariocas.
Cabe às distribuidoras de energia avaliar tais experiências e dar atenção especial a elas. Através dessas iniciativas, fica claro que a energia solar oferece soluções importantes e que fazem a diferença para a crise energética, sobretudo aos impactos vivenciados diariamente pelos mais pobres.
A adoção de propostas de Geração Distribuída nas comunidades possibilita uma redução dos custos para acesso de qualidade à energia elétrica. Como se trata de um modelo descentralizado, ajuda a promover o empoderamento energético e novos modelos de organização coletiva para reivindicação de direitos.
A energia solar fotovoltaica oferece também uma solução atrativa para outro tema de grande importância e impacto social, que é a geração de empregos. Esse setor tem condições de oferecer empregos locais de qualidade, ainda mais com a tendência de crescimento da preocupação em prol da sustentabilidade. Veja mais sobre esse assunto no próximo item.
Brasil entre os maiores geradores de emprego em E.S
Relatório realizado pela Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) em 2020 mostrou o Brasil na sétima posição na criação de empregos na área de energia solar, entre os maiores geradores de emprego em energia fotovoltaica do mundo. Com esse resultado, está à frente de líderes históricos no setor, como Alemanha e Reino Unido.
Vale lembrar que o Brasil é privilegiado por natureza no que diz respeito à energia vinda do sol, levando em conta a alta incidência de raios solares em todo o território nacional. Esses aspectos possibilitam condições excepcionais para se tornar uma liderança de destaque mundial no setor.
Tudo indica que a energia solar fotovoltaica desenvolverá uma função cada vez mais importante e estratégica a favor de metas de desenvolvimento socioeconômico e sustentável. O mercado de energia solar pode contribuir muito na recuperação da economia brasileira, já que é a fonte renovável que mais gera empregos no planeta.
Segundo o relatório da IRENA, o setor de energia renovável gerou 12 milhões empregos no mundo em 2020, com a participação majoritária da fonte solar fotovoltaica, responsável por mais de 3,9 milhões de postos de trabalho, representando um terço do total.
No momento de crise enfrentado pelo Brasil atualmente, com altas taxas de desemprego e baixo nível dos reservatórios hidrelétricos, é fundamental estimular o avanço de fontes renováveis como a energia solar. O crescimento da energia solar traz empregos de qualidade em todas as regiões do Brasil, reduzindo a conta de luz e garantindo renda para a população.
Segundo levantamento realizado pela ABSOLAR, o Brasil registrou, desde 2012 até final de setembro de 2021, a criação de cerca de 330 mil empregos pelo setor solar. De acordo com a Associação, a fonte fotovoltaica já trouxe ao país mais de R$ 57 bilhões em novos investimentos e R$ 15,1 bilhões em arrecadação aos cofres públicos, bem como evitou a emissão de mais de 12,4 milhões de toneladas de CO2 na geração de eletricidade.
Portanto, não restam dúvidas de que a energia solar tem um enorme potencial para alavancar o desenvolvimento socioeconômico no país, proporcionando benefícios a todos os setores da sociedade, inclusive enquanto promotor da transformação social.
Muito interessante, não é?! O crescimento cada vez maior do setor de energia solar no Brasil é algo que tende a atingir números cada vez mais impressionantes e promissores. Vale a pena acompanhar!